terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Amarelecendo
Tenho em mim essa insatisfação contínua, essa falta de vocabulário pra cada cheiro mal cheirado, ou mal cheiroso. Penso que, se a cada desejo me viesse um poema, os dias seriam de papel e espuma, ou algodão, ou água em vapor. Mas, como meus pés precisam dessa areia, terra, enterrada, raiz de toda planta, não espanta que eu não faça uma única linha. A imagem que me falta aparece em múltiplo mosaico. Da última festa que eu fui e do primeiro parabéns. Quando eu não tinha dentes era mais fácil, precisava de papinha. Agora sempre me vem carne dura no almoço. E é por isso que não tenho costumado jantar. Mas aí é que mora o problema. X menos Y tem casa na proteína animal, e o resultado é sempre o que a gente quer alcançar. A resposta. Mas todo mundo morre de anemia. Cada cavalo branco que vejo ao longe, quando chega perto amarelou do sol. Ou do barro. Ou meu olhar tá amarelecendo, anemificando. E isso sim é triste de ser ver. Foto velha só é bom pra quem é jovem demais. Eu, como ando tendo 78, fico assustada na carona. Mas sempre em busca de um novo horizonte a cada cavalo branco. E um cavalo branco a cada novo horizonte
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